7 de jan. de 2015

Charlie Hebdo: além de Maomé, Jesus, o papa e políticos foram capa do semanal

Publicação de humor 'Charlie Hebdo' foi alvo de ataque terrorista.
Semanário era ameaçado desde 2006 por divulgar charges de Maomé.

Capa da última edição do semanário satírico francês 'Charlie Hebdo', publicado antes do atentado contra a sede da publicação (Foto: AFP Photo/Bertrand Guay)Capa da última edição do semanário publicada antes do atentado. Na charge, intitulada 'as previsões do mago Houellebecq', o personagem diz: 'em 2015, eu perco meus dentes. Em 2055, eu faço ramadã'. (Foto: AFP Photo/Bertrand Guay)

Ilustração mais recente de Charb, morto no ataque à revista Charlie Hebdo (Foto: Reprodução/Twitter)Ilustração mais recente de Charb, morto no ataque à revista Charlie Hebdo. 'Sem atentados por enquanto na França', diz a charge. 'Esperem. Temos até o final de janeiro para apresentar os desejos', diz o personagem  (Foto: Reprodução/Twitter)

Figuras da política e da religião eram os protagonistas da maioria das capas do semanário de humor "Charlie Hebdo", criada em 1970. Não apenas Maomé, mas também Jesus Cristo, os papas Francisco e Bento XVI, cardeais do Vaticano, ativistas do Fêmen e o presidente francês François Hollande foram retratados de forma cômica na primeira página.
Nesta quarta-feira (7), terroristas fizeram um atentado contra a redação que matou 12 pessoas, entre elas quatro cartunistas da publicação famosos na França e também fora do país. Segundo relatos, eles teriam gritado "vingamos o profeta", o que pode significar que o ato foi motivado pelas sátiras do semanário com a figura do profeta islâmico Maomé.
Última edição antes do atentado
A capa da edição desta semana do "Charlie Hebdo" traz uma caricatura do escritor francês Michel Houellebecq. Seu último livro, "Submissão", tem como cenário uma França governada por um presidente muçulmano. "Em 2015, eu perco meus dentes. Em 2022, eu faço o Ramadã", diz o escritor no desenho, em referência ao ato religioso realizado pelos seguidores do Islamismo.
Última charge
A última charge do cartunista e editor Stéphane Charbonnier publicada na última edição da revista satírica francesa Charlie Hebdo, foi assustadoramente profética. O desenho trouxe o título "Ainda não houve ataques na França" e mostrou um militante islâmico dizendo: "Espere! Ainda temos até o fim de janeiro para apresentar nossos votos", em uma alusão aos desejos de Ano Novo.
A figura de Maomé
O semanário foi ameaçado várias vezes por fundamentalistas islâmicos por reproduzir e publicar caricaturas de Maomé. Um dos últimos ataques contra a "Charlie Hebdo" aconteceu em 2013, quando hackers invadiram o site da revista, provavelmente devido à publicação de um suplemento especial com uma "biografia" em quadrinhos sobre Maomé. Desde de 2006, quando publicou as primeiras charges com a figura de Maomé, a redação do semanário vivia sob alerta devido às ameaças de radicais.
Capa de um especial da Charlie Hebdo com a biografia de Maomé (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)Capas de um especial da Charlie Hebdo com a 'biografia' de Maomé. A primeira parte de 'A vida de Maomé' tem o nome de 'o início de um profeta' e a segunda, de 'o profeta do Islã'.  (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
Edição da 'Charlie Hebdo' oublicada em outubro fala sobre 'se Maomé voltasse' (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)Edição de outubro tem charge com o título 'se Maomé voltasse'. No desenho, o personagem representado como Maomé diz 'eu sou o profeta, idiota!', e o outro responde 'feche a boca, infiel'. (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
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Revista satírica 'Charlie Hebdo' publicou caricaturas do profeta Maomé. (Foto: AFP)Com o título de 'intocáveis 2', um personagem representando um judeu leva Maomé em uma cadeira de rodas, e os dois dizem: 'não se deve zombar' (Foto: AFP)

Capa de uma edição de 2013 da 'Charlie Hebdo' com sátira sobre o Corão, livro sagrado dos judeus (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)Edição de 2013 trouxe sátira sobre o Corão, livro sagrado muçulmano. Fazendo referência a 'massacre no Egito', o desenho diz que 'o Corão é uma merda', pois 'não para as balas' (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
Primeiro atentado
Em 2011, após a divulgação de uma edição que fazia piada com a sharia, ou lei islâmica, um atentado com coquetéis molotov incendiou parte da sede da revista no distrito 11 do leste de Paris.
Em 2012, o diretor do semanário, Stephane Charbonnier, disse que o Islã não era visto como um inimigo pela publicação. "Há provocação, como fazemos todas as semanas, mas não mais contra o Islã que com outros temas". Ele morreu no atentado desta quarta.
Capa da "Charlie Hebdo" em 2011 com a sátira ao profeta Maomé (Foto: AFP)Capa da 'Charlie Hebdo' em 2011 com a sátira sobre o profeta Maomé e a lei islâmica. No desenho, o personagem diz: '100 chicotadas se vocês não estão mortos de rir' (Foto: AFP)
"O amor é mais forte que o ódio", diz capa da Charlie Hebdo publicada após primeiro atentado contra redação em 2011 (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)"O amor é mais forte que o ódio", diz capa da Charlie Hebdo publicada após primeiro atentado contra redação em 2011 (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
Críticas ao Vaticano
Papas e cardeais também foram retratados de maneira cômica e debochada por várias vezes na capa do "Charlie Hebdo". O conclave, por exemplo, foi alvo de piada em uma capa com Jesus Cristo. Também foram retratados cardeais em um "lobby gay" no conclave.
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Capa de edição de março de 2013 com a figura de Jesus critica as eleições para o novo papa  (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)'Vaticano: outra eleição fraudada, estampa a capa de março de 2013 com a figura de Jesus Cristo. No desenho, o personagem diz: 'soltem-me, eu quero votar' (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
papa 620 (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)"Um papa moderno", diz a capa de 2013 com Francisco. A cena faz referência a uma cena de um reality show da França que ficou famosa no país, em que uma participante questiona uma mulher que não tem shampoo. 'Você é uma mulher e não tem shampoo. Alô. Alô', disse a integrante do programa. A frase passou a ser repetida pelo país, e deu origem à charge na qual o papa pergunta: 'você é Deus e não tem shampoo? Alô'.  (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)


 
Capa da Charlie Hebdo sobre renúncia de Bento XVI (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)"Enfim, livre!", diz Bento XVI em charge na capa da edição da 'Charlie Hebdo' que faz piada com sua renúncia (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
conclave charlie_VA (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)Capa da Charlie Hebdo de 2013 satiriza cardeais. 'O lobby gay em conclave. E então, a fumaça, ela vem?' (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
Política 
Os governantes da França e até o movimento feminista Fêmen também foram alvo do sarcasmo do "Charlie Hebdo". Presente em várias capas, o presidente francês Fraçois Hollande estampou a última edição de 2014. Também esteve na primeira página do semanário o ex-presidente Nicolas Sarkozy – em uma das capas ele aparece em uma ousada charge com a esposa Carla Bruni.
Capa da última edição da 'Chalie Hebdo' de 2014 com uma sátira ao presidente francês Fraçois Hollande (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)Última edição de 2014 com uma sátira ao presidente Hollande, dizendo que a popularidade dele 'sobe entre os labradores'. Na mesma capa, há ainda menção a uma narração da 'verdadeira história do menino Jesus' (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
femen 620 (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)Capa de 2013 sobre o grupo feminista Femen diz que as manifestantes 'assumem a liderança', fazendo um jogo de palavras com a expressão 'tomar as coisas pelas mãos'  (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
sarkozy 620 (Foto: Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)Capa de 2014 com Sarkozy e Carla Bruni pergunta se o francês irá 'finalmente entrar em cena', com o personagem repetindo 'eu entro, eu não entro' (Reprodução/Facebook Charlie Hebdo)
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